VENCENDO A SI MESMO

Existe uma batalha que devemos travar todos os dias e ela não é contra demônios ou contra pessoas que têm ideologias, credos ou costumes diferentes. É a que travamos contra nós mesmos. É uma batalha longa e angustiante porque não é resolvida num só golpe, como o knock-out do boxe, ou um chute incapacitante do MMA ou um golpe bem dado do judô ou do taekwondo. É uma batalha diária, cansativa e que só vai ser encerrada quando deixarmos esta vida.

O texto que o apóstolo Paulo trata desse assunto está em 1 Coríntios 9.19-27, onde ele fala sobre a prática do domínio próprio (um dos gomos do fruto do Espírito - Gálatas 5.22-23) para que sua pregação não fique invalidada.

Nos primeiros versos (19-23), ele fala sobre se igualar aos seus ouvintes: judeus, gentios, legalistas ou pessoas sem lei, instruídos ou incultos, fortes ou fracas. Isso diz respeito a ser acessível para que seus ouvintes sejam salvos e não ser leviano e se deixar levar pelos pecados.

Nos versos seguintes (24-27), ele usa a analogia do atleta e do lutador (provavelmente de luta greco-romana, que era bastante comum naquela época) para explicar como funciona o domínio próprio. Ele começa dizendo:
  • 1 Coríntios 9.24-25 (NBV-P): "Numa corrida todos correm, porém só uma pessoa ganha o prêmio. Portanto, disputem sua corrida para ganhar o prêmio. Para vencer a competição vocês precisam renunciar a muitas coisas que os impediram de fazer o melhor que podem. Um atleta faz todo esse sacrifício só para obter uma coroa que não dura muito, porém nós o fazemos para obter uma coroa que dura para sempre".
Ele está nos orientando a viver a vida cristã com a mesma dedicação que um esportista se dedica à sua categoria esportiva. Da mesma forma que o esportista faz dietas, descansa nos horários corretos e treina de forma exaustiva para conseguir o primeiro lugar e ganhar uma coroa perecível, nós, que temos a promessa de uma coroa eterna e o prêmio da vida eterna, devemos nos dedicar e abrir mão de tudo aquilo que atrapalha nossa comunhão com Deus.

O escritor da Carta aos Hebreus nos dá essa mesma recomendação na passagem a seguir:
  • Hebreus 12.1 (NBV-P): "Visto que temos uma multidão de testemunhas ao nosso redor, afastemos de nós qualquer coisa que nos torne vagarosos ou nos atrase, e especialmente aqueles pecados que se enroscam tão fortemente aos nossos pés e nos derrubam; e corramos com perseverança a corrida que Deus propôs para nós".
Esta passagem nos mostra que devemos deixar de lado qualquer distração que nos desvie do objetivo maior da nossa vida: pregar a mensagem de reconciliação entre Deus e a humanidade (2 Coríntios 5) e isso se refere às coisas desta vida, como política, riquezas, apego ao mundo. O apóstolo João nos alerta contra o apego ao mundo e às suas mazelas:
  • 1 João 2.15-16 (NBV-P): "Deixem de amar este mundo mau e tudo o que ele lhes oferece, pois quando vocês amam estas coisas mostram que realmente não amam o Pai, porque todas estas coisas mundanas - os maus desejos da natureza humana, os maus desejos dos olhos, a ambição pelas coisas desta vida - não provêm de Deus, e sim do próprio mundo pecaminoso".
E não nos esqueçamos de um importante detalhe: somente quem chega em primeiro lugar é quem recebe o prêmio, até mesmo no Reino de Deus! É o que diz o final de cada uma das sete cartas às igrejas em Apocalipse. O "prêmio de consolação" é terrível, como o apóstolo Paulo também nos ensina:
  • 1 Coríntios 3.15 (NVI): "Se o que alguém construiu se queimar, esse sofrerá prejuízo; contudo, será salvo como alguém que escapa através do fogo".
Nos versos 26-27, ele nos orienta a termos um objetivo na nossa vida cristã. Isso quer dizer que devemos ter em mente o Chamado que Deus proporcionou para cada um de nós. Cada indivíduo tem um Chamado em prol do Reino de Deus. E ele usa uma analogia interessante:
  • 1 Coríntios 9.26-27 (NBV-P): "Portanto, eu corro direto para o alvo, com esse propósito em cada passo. Quando luto, não luto como quem esmurra o ar. Eu castigo o meu corpo como um atleta o faz, tratando-o com dureza, como o meu escravo. De outro modo, eu temo que, depois de ter pregado aos outros, eu mesmo seja reprovado".
Voltando à analogia do atleta e seu condicionamento físico para obter a vitória, o cristão tem que praticar o autocontrole diariamente para alcançar o condicionamento espiritual. E um detalhe: só alcançaremos esse condicionamento espiritual quando tivermos o corpo espiritual (1 Coríntios 15.42-44). E, assim como um lutador ou atleta não compete apenas "para participar", como alguns insistem em apregoar, mas para vencer, nós também devemos viver a nossa vida cristã com o objetivo de alcançar a Vida Eterna e para reinar com Cristo em Seu Reino, e não para ser apenas salvo pelo fogo.

Portanto, irmãos queridos, vivamos a plenitude da Vida Eterna aqui e agora, sempre com os nossos olhos no Autor e Consumador da nossa fé, proclamando o Reino de Deus a todos!

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