“O que é que você veio ver aqui?”

Se existe um provérbio que eu possa considerar bastante sábio é aquele que diz: “O gato morreu de curioso”. É impressionante o que a curiosidade faz com uma pessoa:
1. Ela atrai com algo que chame à nossa atenção;
2. Ela aparenta ter algo de “especial”, de “prazeroso” e, por que não dizer, de “misterioso”;
3. Depois que captura, ela oprime e denigre a moral de sua vítima.

O apóstolo João nos adverte quanto a nos prendermos às coisas deste mundo, dizendo que:
Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vêm do Pai, mas sim do mundo. Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre” (I João 2.15-17, meus destaques).

Perceba que as coisas que há no mundo seguem o mesmo padrão de atração que eu coloquei na sequência acima. Veja também que a atração de Eva pelo fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal seguiu o mesmo padrão:
Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu” (Gênesis 3.6, meus destaques).

Como podemos ver, o Diabo não tem muita criatividade na forma de seduzir e, mesmo assim, caímos na lábia dele com uma facilidade monstruosa. Vemos esse mesmo padrão de sedução em relação aos filhos de Sete, no relato de um livro apócrifo chamado “A Caverna dos Tesouros”, que narra a queda dos filhos de Deus, representados pelos filhos de Sete – que temiam a Deus, por causa da influência negativa exercida pelas depravações praticadas pelos filhos de Caim. Vejamos algumas narrativas deste livro, extraídas do texto “A música e os filhos de Caim”, escrito pelo Pastor Célio Alves da Silva:
Jubal e Tubalcaim, dois irmãos e filhos de Lameque, o cego, o que havia matado Caim, praticavam toda espécie de música. Jubal construiu flautas, cítaras e pífaros. E os demônios introduziram-se neles, e ali se instalaram. Quando eram sopradas, as flautas davam voz aos demônios; e quando eles tangiam as cítaras, os demônios cantavam por elas. E Tubalcaim construiu címbalos, matracas e tambores. E assim recrudescia a depravação dos filhos de Caim, bem como a sua devassidão, e de outra coisa não se ocupavam a não ser da luxúria” (Cap. XI, 34 – meus destaques);

"E reinava a impudicícia entre os filhos de Caim; as mulheres corriam atrás dos homens sem a menor vergonha e misturavam-se com eles numa orgia selvagem... Sopravam as flautas em meio ao vozerio, tocavam as cítaras sob o influxo dos demônios, percutiam os tambores e as matracas, em colaboração com os espíritos maus. E o ruído das gargalhadas elevavam-se nos ares, e foi ouvida no alto da Montanha Sagrada. Quando os filhos de Set escutaram aquele poderoso vozerio e aquelas gargalhadas, vindo do campo dos filhos de Caim, cem dentre eles, homens fortes e vigorosos, reuniram-se e tomaram a resolução de descer até a área dos filhos de Caim" (meus destaques);

Vejam que a curiosidade também capturou os sentidos dos filhos de Sete, a ponto de enviarem cem de seus mais valorosos homens para “averiguar” que “bagunça” era aquela que estava acontecendo no arraial dos caimitas. Não quero entrar no mérito da discussão de dizer se os filhos de Deus eram anjos ou homens, pois isso é uma discussão totalmente infrutífera. O que vemos aqui é que, da mesma forma que a orgia contumaz dos caimitas conseguiu seduzir e capturar os filhos de Sete, a mesma coisa pode fazer com que qualquer um de nós venha a cair, se não tomarmos os devidos cuidados. Vejam o trecho a seguir:
Quero fazer um parêntese para esclarecer um detalhe: os filhos de Set, de acordo com o apócrifo, foram habitar em uma montanha muito alta, bem próxima ao Éden, cuja localização também era no cume de uma alta montanha, enquanto os filhos de Caim foram habitar nas planícies. E, após a morte de Adão, eles fizeram um pacto de que ninguém desceria da montanha e manteria qualquer relação com os caimitas. E isto durou por muito tempo, até o dia em que, uma nova geração começou a surgir e começaram a ter curiosidade de conhecer o povo que habitava as planícies. E levados pela curiosidade daquilo que acontecia na terra, mesmo contra a ordem dos patriarcas, alguns foram conhecer o que se passava no outro mundo” (meus destaques).

Daqui vem o título deste texto: o que, afinal de contas, os filhos de Sete foram ver entre os caimitas? Será que o simples fato de ouvir o som das depravações que aconteciam no arraial dos caimitas não era suficiente para saber que não “rolava” coisa boa entre eles? Como o trecho acima revela, parece que uma nova geração não se contentou com a ordem dos patriarcas de não se envolverem com os caimitas e sentiram uma curiosidade crescente de conhecer aqueles “primos” rebeldes. Quem sabe alguém dos filhos de Sete “convertia” os caimitas e os traria de volta ao caminho do Criador?

Espero que compreendam o que vou dizer aqui, pois sei que vou suscitar interpretações dúbias. Muitas vezes, na ânsia de não parecermos “quadrados” diante do “mundão”, adotamos algumas práticas que são visivelmente contrárias à Palavra de Deus, e essas práticas vão-se tornando cada vez mais permissivas, dando margem a práticas cada vez mais nocivas. Isso acontece quando os jovens têm muita licenciosidade em seus namoros, quando Pastores começam a praticar atos imorais para conseguir licenças e outros documentos públicos para suas Igrejas, quando há divórcios e adultérios em nosso meio, simplesmente porque um cônjuge “cansou da cara” do outro e vemos uma sequência infinita de casamentos, como acontece na mídia secular.

Como o salmista Davi fala, um abismo chama outro abismo (Salmo 42.7). A partir do momento em que damos oportunidade de o inimigo nos convencer de fazermos algo de errado, mesmo que aparentemente (ou socialmente) correto, aos olhos do nosso Deus é PECADO, e tudo o que vem deste mundo não convém aos filhos de Deus, como o apóstolo João nos alerta:
Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno” (I João 5.20).

O apóstolo Paulo também nos adverte que:
Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” (I Coríntios 6.12).

Quando eu falei sobre o fato de alguns em nosso meio praticarem coisas que são “comuns” lá fora, acho que não mencionei nada que fosse “lícito”, nem socialmente falando (pois, da lista que mencionei, há muita permissividade, mas nada lícito, no sentido formal da palavra...), nem espiritualmente falando. Um ditado que eu mesmo havia criado para me conter durante minha juventude expressa bem como algo permitido hoje pode virar um pecado bem maior amanhã: “Se você cede hoje nas pequenas coisas, vai ceder nas maiores amanhã”. Na prática, sendo bastante claro:
a) A "mão boba" hoje pode gerar uma gravidez indesejada, ou um divórcio, ou uma traição amanhã;

b) Um software "pirata" de hoje pode gerar uma nota fria, um escândalo ou uma prisão amanhã;

c) Um olhar lascivo hoje pode gerar uma traição, um lar destruído e uma vergonha enorme amanhã;

d) Um agradozinho ao fiscal de rendas hoje pode virar uma prisão amanhã.

Concluindo este texto, vemos que, dos filhos de Sete sobrou somente Noé e sua família como um remanescente fiel a Deus. É impressionante como o Senhor sempre separa para Si aqueles que não se curvam a Baal, a Mamon ou a qualquer outra coisa que se levante contra a Santidade dEle! Nós (sim, me incluo neste trecho) precisamos ter em mente e pôr em prática que nada, NADA MESMO é mais valioso do que termos a presença do nosso Deus em nossas vidas! Se vivemos um aparente desprezo por parte do mundo e por parte daqueles que cederam aos seus apelos sutis e destrutivos, devemos ter em mente que:
Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo” (Mateus 24.13);

Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus” (Apocalipse 2.7);

Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida… O que vencer, de modo algum sofrerá o dado da segunda morte” (2.10, 11);

Ao que vencer darei do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe” (2.17);

Ao que vencer, e ao que guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e com vara de ferro as regerá, quebrando-as do modo como são quebrados os vasos do oleiro, assim como eu recebi autoridade de meu Pai; também lhe darei a estrela da manhã” (2.26-28);

O que vencer será assim vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida” (3.5a).

Seja um Vencedor! Não se deixe levar pelas ofertas infames do mundo!



16 de agosto de 2010.

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